O homem flutuante não procura mais se ater aos portos de velhas rotinas. Não mais ancora suas retinas pelos cais das coisas comuns típicas dos quintais e esquinas.
O homem que agora flutua, flutua pra bem longe de sua corriqueira realidade. Em instantes vai de polo a polo e por onde desejar se guia, mesmo aos extremos mais distantes. Basta querer e só isso pra ele é poder. Porque o homem agora não ancora. É flutuante.
De forma nômade o homem flutua pra onde mundos são construídos por diversas culturas. Flutua desde os Andes ao Himalaia, comparando em segundos uma múmia Inca a um fóssil congelado nas alturas asiáticas; penetra em casas de câmbio, museus, estádios, campus; transita por sobre vilas antigas, viadutos e pântanos. O homem flutua aos quatro cantos.
Flutuante o homem se sente, mas não desconfia que distante de si mesmo fica quando flutua clicando à revelia. Porque no fundo quando o homem flutua não se toca que on-line ele está mesmo à deriva.
Como um almirante em rota alienada, flutuante num mar de novas tecnologias.
Por Farley Rocha
*Farley Rocha, nascido em 1982, é mineiro da cidade de Espera Feliz. Professor de Língua Portuguesa e Literatura, já publicou dois livros de poesia, Mariposas ao Redor (2011) e Livre Livro Leve (2015). É colunista do Portal Espera Feliz desde 2010, onde publica crônicas sobre sua cidade e a região da Serra do Caparaó.